Outubro Rosa é uma campanha de conscientização global que ressalta a importância da prevenção e detecção precoce do câncer de mama e reforça o compromisso de combater uma das doenças que mais afetam as mulheres em todo o mundo. Além dos exames de rotina e da conscientização, é fundamental discutir como a nutrição desempenha um papel vital na prevenção e no tratamento do câncer de mama, e como os nutricionistas desempenham um papel insubstituível nessa jornada.
Prevenção: alimentação e redução de riscos
O câncer é uma doença multifatorial que cresce mundialmente a cada ano, além de ser uma das quatro principais causas de morte na maioria dos países. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) o Brasil deverá registrar 625 mil novos casos de câncer para cada ano do triênio 2020/2022.
Apesar de ser multifatorial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que cerca de 40% das mortes por câncer poderiam ser evitadas, o que faz da prevenção um componente essencial de todos os planos de controle da doença.
Uma vez que o câncer é uma doença cujo processo tem início com um dano a um gene ou a um grupo de genes de uma célula e progride quando os mecanismos do sistema imunológico de reparação ou destruição celular falham, a pergunta que cabe então é: quais fatores podem contribuir para o desenvolvimento do câncer?
Um deles é justamente os hábitos alimentares, sendo uma alimentação rica em gordura saturada e pobre em frutas, legumes e verduras um grande fator de risco dos cânceres de mama, cólon, próstata e esôfago.
Uma alimentação rica em alimentos de alta densidade energética aumenta o risco de ganho de peso e desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco para diversos tipos de câncer. Lembrando que alimentos de alta densidade energética concentram muitas calorias em um pequeno volume, ou seja, em termos práticos, são alimentos que contêm mais de duas calorias por grama.
Conheça nossa pós-graduação em Nutrição Oncológica
Microbiota intestinal: o elo entre nutrição e saúde
A microbiota tem um papel fundamental nos diversos aspectos do processo saúde-doença.
A microbiota intestinal emergiu como um fator crítico na manutenção da saúde humana, influenciando não apenas o trato gastrointestinal, mas também órgãos distais, como cérebro, fígado e pâncreas.
A disbiose, uma alteração na composição e função dessa microbiota, está relacionada a diversas condições patológicas, incluindo obesidade, diabetes, doenças neurodegenerativas e tumores. Portanto, manter a microbiota intestinal saudável através da alimentação é essencial na prevenção do câncer de mama.
Tratamento e nutrição: lidando com efeitos colaterais
Quando uma paciente enfrenta o tratamento do câncer de mama, como quimioterapia ou radioterapia, os efeitos colaterais podem afetar significativamente sua alimentação.
Aqui estão algumas dicas e cuidados para lidar com cada um desses efeitos:
• Boca seca
– Mantenha a temperatura das refeições amenas ou até geladas, conforme aceitação do paciente em tratamento;
– Ingira pequenas quantidades de líquidos frequentemente;
– Avalie a necessidade de saliva artificial com seu médico;
– Opte por consumir alimentos macios, que contenham molhos e caldos;
– Consuma bebidas cítricas, como sucos naturais de laranja e de limão, entre outros;
– Masque chicletes sem açúcar;
– Aumente a ingestão de água. Para facilitar o consumo, aromatize-a com rodelas de limão e laranja, gengibre, canela, anis estrelado e hortelã, entre outros.
• Náuseas e vômitos
– Evite comer uma ou duas horas antes da sessão;
– Após a sessão, coma pequenas porções de alimentos, com frequência e devagar;
– Aumente o fracionamento das refeições;
– Evite o consumo de líquidos durante as refeições;
– Se puder, mantenha-se longe da cozinha durante o preparo das refeições;
– Evite alimentos muito condimentados, gordurosos e doces;
– Dê preferência aos alimentos em temperatura ambiente, frios ou gelados;
– Experimente consumir alimentos leves e facilmente toleráveis, como torradas e biscoitos, iogurtes, sorvetes de frutas, raspas de gelo e mingau de aveia;
– Consumir preparações com gengibre podem ajudam a aliviar as náuseas.
• Alterações do paladar e olfato
– Substituir os alimentos pouco tolerados por aqueles nutricionalmente bem tolerados e mais bem aceitos. Dica: picolés são bem tolerados;
– Melhore a apresentação dos pratos;
– Evite sentir o vapor das preparações;
– Utilize ervas aromáticas e temperos naturais para melhorar o sabor dos alimentos;
– Não fique em jejum;
– Para recuperar o paladar, consuma alimentos ricos em zinco e cobre, como milho, cevada, feijão, cereais de trigo, ovo, ervilha e pão integral, entre outros;
– Mantenha a temperatura doa alimentos conforme a aceitabilidade;
– Enxágue a boca antes das refeições;
– Dê preferência a talheres de plástico e evite de inox;
– Balas ácidas ou de hortelã podem trazer ao paladar.
• Diarreia
– Aumente a ingestão de líquidos;
– Opte por refeições mais leves;
– Coma pequenas porções durante o dia;
– Utilize temperos como cebola, alho, sal e óleo com moderação
– Evite ou diminua o consumo de alimentos gordurosos, frituras, leites e derivados, verduras e frutas cruas;
– Reduza o consumo de alimentos e bebidas que contenham cafeína (café, chá preto, alguns refrigerantes e chocolate);
– Substitua o açúcar refinado, mascavo e mel por adoçante e/ou maltodextrina;
Consuma alimentos constipantes (que prendem o intestino), como pão branco, biscoitos e bolachas, banana, caju, goiaba, maçã sem casca, suco de uva, pera e arroz, entre outros.
• Obstipação/ Constipação
– Aumente a ingestão de líquidos, dando preferência aos sucos laxantes;
– Aumente o consumo de alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e cereais integrais;
– Consuma alimentos laxantes, como ameixa seca, laranja com bagaço, mamão, uva, abacaxi, batata doce, brócolis, vagem, feijão, aveia, milho, farelo de trigo, arroz, pão integral e verduras;
– Evite alimentos constipantes, como maisena, Cremogema, creme de arroz, Arrozina e fubá, entre outros;
– Não use laxantes sem consultar seu médico.
• Inflamações na língua e na boca
– Alivie a dor antes das refeições;
– Evite carnes e alimentos irritantes, condimentados, secos, duros, ácidos, crus e fibrosos, enlatados e salgados;
– Evite frutas ácidas, como limão, abacaxi, tangerina, laranja, etc.;
– Evite extremos de temperaturas;
– Abstenha-se de bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco;
– Dê preferência aos alimentos fáceis de mastigar ou engolir, como milk-shakes, bananas maduras, purê de frutas e de legumes e carnes moídas ou desfiadas.
• Perda de peso excessiva
– Aumente o fracionamento e a densidade calórica das refeições;
– Capriche na apresentação dos pratos;
– Consuma bebidas nutritivas.
Falta de apetite
– Coma em menor quantidade, várias vezes ao dia;
– Utilize suplementos para aumentar as calorias das refeições; mediante orientação de nutricionista;
– Melhore a apresentação dos pratos;
– Coma em ambientes agradáveis e tranquilos.
• Saciedade precoce
– Evite alimentos com muito molho;
– Aumente o fracionamento das refeições;
– Evite excesso de líquidos durante as refeições.
Conheça nossa pós-graduação em Nutrição Oncológica
A importância de nutricionistas preparados para atender pacientes oncológicos
A nutrição desempenha um papel crucial na prevenção e tratamento do câncer de mama e a capacitação de nutricionistas em oncologia é importante por diversas razões.
Esses profissionais são importantes aliados nessa jornada, ajudando pacientes a enfrentarem os desafios nutricionais provenientes da doença e do tratamento, assim como na promoção da qualidade de vida.
Por isso, é tão importante a capacitação de profissionais que possam prestar a melhor orientação e acompanhamento às pacientes num momento tão sensível e repleto de desafios.