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Por Carla Nogueira da Cruz

Jornalista – MTb 41.101/SP

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição crônica classificada como um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), abrangendo uma etiologia complexa que inclui fatores genéticos, epigenéticos e ambientais. O TEA é caracterizado por desafios na interação social, comunicação e comportamento. Compreender as complexidades do autismo envolve reconhecer os padrões restritivos, repetitivos e estereotipados frequentemente associados.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a prevalência mundial de TEA é de 70 milhões de pessoas, sendo 2 milhões somente no Brasil. Segundo pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)¹, estima-se que 1 em cada 66 crianças é diagnosticada com TEA no país. É importante ressaltar que adultos também podem ser tardiamente diagnosticados com TEA.

Quanto aos comportamentos alimentares no TEA, é comum observar padrões que afetam significativamente o consumo alimentar, que podem se manifestar na forma de seletividade alimentar e recusa de novos alimentos, por exemplo. Esses comportamentos podem resultar em uma alimentação com pouca variedade, potencialmente levando a carências nutricionais. Além disso, muitos estudos demonstraram que crianças e adultos com TEA frequentemente apresentam deficiências nutricionais significativas, desequilíbrios metabólicos e problemas digestivos (Stewart et al., 2019)².

O cuidado de pessoas que estão no espectro autista muitas vezes requer uma abordagem multiprofissional (com equipes que incluem médicos, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros), visando atender às necessidades específicas de cada indivíduo.

A importância da identificação precoce e nutrição adequada

O autismo é uma condição que persiste até a vida adulta e quanto mais cedo o diagnóstico é realizado, maior a oportunidade de intervenções apropriadas e suporte adequado tanto para os indivíduos quanto suas famílias e seus cuidadores.

Estudos, como o conduzido por Adams et al. (2018)³, demonstraram que a implementação de práticas nutricionais adequadas pode ter um impacto significativo no desenvolvimento, na qualidade de vida e no bem-estar dos indivíduos dentro do espectro autista. E estas estratégias nutricionais devem ser adaptadas no decorrer dos ano conforme necessário para garantir o melhor suporte possível.

Uma dieta balanceada e variada pode não apenas contribuir para o desenvolvimento físico adequado, mas também influenciar positivamente o comportamento e a cognição das pessoas que estão no espectro autista.

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Estratégias nutricionais no TEA

De acordo com Adams et al. (2018)³, uma intervenção nutricional e dietética abrangente é eficaz na melhoria do estado nutricional, do QI não verbal, dos sintomas do autismo e de outros sintomas na maioria dos indivíduos com TEA.

Dentre as estratégias nutricionais comumente empregadas, destacam-se:

• Fazer uso de doses adequadas de ácidos graxos essenciais, como ômega-3 e ômega-6, que desempenham papéis importantes no desenvolvimento e funcionamento do cérebro, além de terem propriedades anti-inflamatórias. Podem ser encontrados em peixes de água fria, sementes de linhaça, chia e nozes. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de suplementos para garantir doses adequadas;

• Uso de suplementos como vitamina D (importante na saúde óssea, imunológica e também no funcionamento do sistema nervoso, podendo impactar no comportamento e humor) e magnésio (essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso).

• Consumir probióticos, pois contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal, podendo podem impactar diretamente o funcionamento do cérebro e do sistema imunológico. Os probióticos mais comuns incluem lactobacilos e bifidobactérias, que são encontrados em alimentos fermentados como iogurte, kefir, kimchi, chucrute e kombucha. Além disso, existem suplementos probióticos disponíveis em forma de cápsulas ou pós, que podem conter uma variedade de cepas bacterianas.

Estas são apenas algumas abordagens que podem ser adotadas. É importante buscar a orientação de nutricionista ou profissional de saúde qualificado a fim de que as estratégias sejam alinhadas ao perfil e às necessidades do indivíduo com TEA.

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Dicas para lidar com a seletividade alimentar e a recusa de novos alimentos

A seletividade alimentar e a recusa de novos alimentos são desafios comuns enfrentados por muitas pessoas com autismo. Esses comportamentos podem ser resultado de sensibilidades sensoriais, rigidez cognitiva ou ansiedade em relação à comida. A seletividade alimentar pode levar a uma dieta restrita e desequilibrada, resultando em deficiências nutricionais e preocupações com a saúde.

Para lidar com esses desafios, é importante adotar estratégias que ajudem a expandir a variedade de alimentos consumidos e a promover uma alimentação mais equilibrada.

Confira algumas dicas que podem ser úteis para enfrentar a seletividade alimentar e a recusa de novos alimentos em pessoas com autismo:

1) Introdução gradual de novos alimentos: apresentar novos alimentos de forma gradual e repetida, permitindo que a pessoa se acostume com os sabores e texturas ao longo do tempo;

2) Oferecer escolhas limitadas: permitir que a pessoa com TEA escolha entre algumas opções pré-determinadas pode ajudar a aumentar a aceitação de alimentos;

3) Criar um ambiente tranquilo: evitar distrações e criar um ambiente calmo durante as refeições pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar a disposição para experimentar novos alimentos.

4) Envolvimento na preparação: permitir que a pessoa participe da preparação das refeições pode aumentar o interesse e a disposição para experimentar novos alimentos.

5) Usar reforço positivo: Elogiar e recompensar tentativas de experimentar novos alimentos pode incentivar comportamentos alimentares positivos.

6) Buscar ajuda especializada: Em casos mais graves de seletividade alimentar, pode ser útil buscar a orientação de um nutricionista ou terapeuta especializado em alimentação.

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A importância dos profissionais da saúde na compreensão da nutrição de pessoas com TEA

Profissionais de saúde desempenham um papel fundamental no apoio a pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), suas famílias e cuidadores. No entanto, para oferecer um suporte efetivo e personalizado, é crucial que esses profissionais se especializem e busquem constantemente aprimorar seus conhecimentos sobre o TEA e suas interações com questões nutricionais.

Compreender as complexidades do TEA requer um conhecimento profundo não apenas dos aspectos médicos e psicológicos, mas também das necessidades dietéticas específicas e possíveis desafios alimentares enfrentados por indivíduos com autismo. Portanto, é essencial que os profissionais de saúde se envolvam em programas de educação continuada, participem de cursos de especialização e busquem recursos adicionais para aprofundar sua compreensão sobre nutrição e TEA.

Ao se especializarem e se dedicarem a compreender cada vez mais o TEA e suas nuances, os profissionais de saúde podem oferecer um suporte mais abrangente e eficaz, capacitando indivíduos com autismo, suas famílias e cuidadores a enfrentar os desafios cotidianos com mais confiança e resiliência. Portanto, investir em educação e especialização nessa área não apenas beneficia diretamente as pessoas com TEA, mas também contribui para uma sociedade mais inclusiva e compassiva como um todo.

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A pós-graduação em Nutrição em Autismo, SD, TDAH e Saúde Mental da Plenitude Educação tem por objetivo instrumentalizar profissionais a lidar de forma integrada com foco no desenvolvimento do indivíduo. Ela é direcionada a médicos e nutricionistas.

Ao longo de 18 meses e 18 módulos, os alunos aprendem as particularidades dos diagnósticos e como essas alterações bioquímicas podem ser moduladas através de intervenções nutricionais personalizadas.

Com uma perspectiva integrativa, a pós-graduação aborda temas como diagnóstico precoce, epigenética, nutrigenética e nutrigenômica, além de aprofundar o conhecimento em modulação intestinal, interconexão entre cérebro e intestino, implicações biológicas, metabolismo de nutrientes e desintoxicação.

Venha se especializar com a Plenitude Educação e esteja preparado para oferecer um cuidado nutricional abrangente e eficaz a indivíduos com autismo e outras condições de saúde mental.

Referências

1 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/

2 – Stewart, M. L., Peckham, J. L., & Linsenbardt, D. N. (2019). Nutritional and metabolic status of children with autism vs. neurotypical children, and the association with autism severity. Nutritional Neuroscience, 1-10. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3135510/

3 – Adams, J. B., Audhya, T., Geis, E., Gehn, E., Fimbres, V., Pollard, E. L., … & Mitchell, J. (2018). Comprehensive Nutritional and Dietary Intervention for Autism Spectrum Disorder—A Randomized, Controlled 12-Month Trial. Nutrients, 10(3), 369. Disponível em: https://www.mdpi.com/2072-6643/10/3/369

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