Por Zenith Gassi
Nutricionista – CRN-3 47059
As festas de fim de ano são um período de celebração e confraternização! É tempo de reunir a família e os amigos nas ceias de Natal e Ano Novo, nas quais são servidos alimentos e pratos que não costumamos ver ao longo do ano. E, frequentemente, em grande quantidade. A comida é um elemento central dessas festas, e é comum que as pessoas comam mais do que o normal durante essa época.
Alimentação: além do valor nutricional, um fenômeno sociocultural
Esse cenário não é apenas biológico, mas sim sociocultural, envolvendo emoção e memória. Em seu livro “História e Antropologia da Nutrição”, Carolina Coelho relata: “Você tem a recordação daquele prato ‘especial’ que um familiar faz e que, ao ler esse texto, vem a sensação gustativa desse prato que é, sem dúvida, o mais saboroso que você já provou”. O ser humano se nutre do imaginário e do significado que o alimento traz agregado, além de seu valor energético.
Por essa razão, a alimentação está inserida em um contexto sociológico e antropológico, e os nutricionistas devem buscar esse olhar quando tratam pacientes que sofrem algum tipo de transtorno alimentar.
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Refletindo sobre os excessos alimentares nas festas de fim de ano
Durante as festas, é comum exagerar um pouco na comida. Às vezes, porém, surge a dúvida: será apenas parte da celebração ou algo mais sério?
Para algumas pessoas, esses momentos podem revelar padrões alimentares preocupantes que merecem atenção especializada. Portanto, é importante prestar atenção em como nos sentimos em relação à comida nesses momentos especiais, estar atento aos sinais do próprio corpo.
Se houver dúvidas ou preocupações, buscar orientação profissional é fundamental para compreender melhor nossos hábitos alimentares e a relação que mantemos com a comida.
Contexto etiológico: entendendo os Transtornos Alimentares
Os Transtornos Alimentares (TAs) são definidos por padrões alimentares perturbados, atitudes extremas em relação à comida e preocupações excessivas com peso e forma corporal. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde estabelecem critérios para identificar e avaliar a gravidade desses transtornos, delineando sinais e sintomas individuais.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar, incluindo anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros, sendo frequentemente manifestado em adolescentes e jovens adultos.
A etiologia dos transtornos é multifacetada e bem complexa, como demais transtornos psiquiátricos (depressão e ansiedade, por exemplo), aparecendo a partir de muitos fatores. Assim, ela é considerada multifatorial, com influências da dinâmica familiar, meio sociocultural e aspectos dinâmicos da personalidade.
Estudos têm enfatizado o impacto crucial da dinâmica familiar nos quadros psicopatológicos, exercendo influência significativa na formação da personalidade de indivíduos com TAs. Estes fatores desempenham um papel presumido na predisposição, desenvolvimento e manutenção desses distúrbios.
No Brasil, os transtornos mais destacados incluem a Anorexia Nervosa (AN), Bulimia Nervosa (BN) e Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA).
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Tipos de transtornos alimentares
Anorexia Nervosa
A AN é um transtorno psiquiátrico multifatorial podendo ir da infância até a fase adulta. Geralmente desencadeado por eventos altamente estressantes, este transtorno provoca uma mudança significativa no comportamento alimentar.
De acordo com o DSM-5, três características fundamentais definem a AN:
– Restrição calórica que resulta em um peso significativamente baixo para a idade, gênero e desenvolvimento corporal;
– Um medo intenso de ganhar peso, acompanhado de comportamentos para evitar o aumento de peso, mesmo que o indivíduo já esteja abaixo do peso saudável;
– Uma visão distorcida do peso e da forma corporal, associada à falta de reconhecimento do baixo peso.
A perda de peso é o principal fator que agrava a condição das pessoas com AN, impactando tanto o cérebro quanto o corpo e podendo levar a sequelas graves a longo prazo, aumentando o estresse e os fatores contribuintes para o desenvolvimento da patologia.
Bulimia Nervosa
A Bulimia Nervosa é outro transtorno alimentar descrito no DSM-5, caracterizado por episódios frequentes de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes, jejum excessivo e/ou exercício físico intenso, tudo isso motivado por uma imagem distorcida do próprio peso corporal. Indivíduos com baixa autoestima, sintomas de depressão, ansiedade social ou histórico de abuso sexual na infância têm uma maior suscetibilidade ao desenvolvimento da BN.
Transtorno de Compulsão Alimentar
O Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) é avaliado com base na ocorrência frequente de episódios de compulsão alimentar, que podem ocorrer pelo menos uma vez por semana durante três meses.
Este episódio é caracterizado por um consumo alimentar em um período determinado, em quantidade superior àquela que outros indivíduos consumiriam no mesmo intervalo de tempo e em circunstâncias semelhantes. Durante esses episódios, o indivíduo com TCA não considera ter controle da ingestão e o episódio da compulsão ocorre.
Este transtorno afeta significativamente o bem-estar psicológico e físico, resultando em quadros de depressão, outras condições psiquiátricas, problemas nos relacionamentos interpessoais, vida social comprometida, dores crônicas, obesidade, diabetes e síndrome metabólica, independentemente do ganho de peso.
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Estratégias para lidar com o comer exagerado nas festas de final de ano
Para indivíduos diagnosticados com transtornos alimentares, as festas de fim de ano representam possíveis gatilhos que podem desencadear recaídas, crises e ansiedades, deixando-os vulneráveis diante do desconhecido.
Para evitar esse cenário caótico, algumas estratégias podem ser adotadas:
– Esteja atento ao seu corpo: evite dietas restritivas e aprenda a escutar as necessidades do seu corpo. Ele sinaliza quando está com fome, quando está satisfeito, quando precisa de nutrientes e quando precisa de descanso. Respeitar os sinais do corpo é essencial;
– Retome a rotina alimentar: após o período excepcional das festas, é crucial retomar uma rotina alimentar equilibrada para seguir em frente;
– Lide com os excessos: não mude seu padrão alimentar por medo de julgamentos durante esses períodos. Manter-se nutrido antes e depois das celebrações é fundamental. Durante as festividades, aproveite o ambiente familiar e a presença dos amigos;
– Priorize a hidratação: o consumo de água é essencial para repor os líquidos perdidos durante as festas de fim de ano;
Comer não se resume apenas a manter-se nutrido; é um evento social, um momento único para vivenciar. Os pratos festivos não são os responsáveis pelo ganho de peso excessivo. Por isso, é importante o acompanhamento nutricional especializado para a qualidade de vida das pessoas.
Quem são os profissionais ideais para tratar Transtornos Alimentares?
Os nutricionistas desempenham um papel importantíssimo na promoção da saúde alimentar de pacientes com transtornos alimentares. No entanto, uma abordagem eficaz para a saúde desses pacientes envolve uma equipe multidisciplinar.
Psicólogos e psiquiatras desempenham papéis fundamentais no tratamento, já que são os psiquiatras os responsáveis por fechar o diagnóstico desses transtornos. Trabalhando em conjunto, psiquiatras e psicólogos contribuem para uma compreensão mais profunda do caso, resultando na melhora do paciente.
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Potencialize sua carreira: destaque-se no tratamento de Transtornos Alimentares com conhecimento especializado
Para lidar com Transtornos Alimentares, é fundamental que esses profissionais detenham conhecimento técnico aprofundado e possuam especializações adequadas, visando oferecer atendimentos e tratamentos claros e eficazes.
Na Plenitude Educação, contamos com profissionais capacitados para fornecer esse preparo. Nossa pós-graduação em Comportamento Alimentar e Coaching Nutricional é ministrada por professores com vasta experiência profissional, acadêmica e clínica. Essa abordagem integrativa e humanizada capacita nutricionistas com ferramentas essenciais para auxiliar seus pacientes a alcançarem seus objetivos no contexto alimentar.
Este mercado está em expansão, e este é o momento ideal para se destacar no mercado de trabalho.
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